Quando o diagnóstico da artrite reumatoide (AR) é realizado no momento inicial e tão logo comece o tratamento adequado, o paciente pode ter uma vida normal, sem dores e sem evoluir com deformidades. Essa agilidade no diagnóstico pode evitar possível impacto significativo sobre qualidade de vida e custos econômicos, uma vez que acomete pacientes em idade produtiva.
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória sistêmica crônica, de origem ainda não bem estabelecida, que afeta primariamente a membrana sinovial das articulações. Caso não seja tratada pode evoluir com destruição das articulações por aparecimento de erosão na cartilagem e ossos, gerando deformidades irreversíveis. Em alguns casos há sintomas sistêmicos em órgãos como coração, pulmões e rins.
Embora possa iniciar-se em qualquer idade, a Artrite Reumatóide (AR) ocorre mais frequentemente por volta dos 40 anos no Brasil, 10 anos mais cedo do que na população da Europa e dos Estados Unidos. A doença acomete ambos os sexos, mas há predomínio do feminino na proporção de duas até oito mulheres acometidas para cada homem, sendo duas a dez vezes mais frequente entre os parentes de primeiro grau de pacientes com AR.
Os sintomas da doença surgem de maneira lenta e progressiva na maioria das ocasiões, levando de semanas a meses até o seu estabelecimento completo. Em alguns pacientes, os sintomas iniciais consistem em fadiga, mal-estar, febre baixa ou dores musculoesqueléticas vagas, dificultando diagnóstico pelo médico nesta fase.
As manifestações articulares da forma "clássica" tipicamente causam dor em punhos, mãos, incluindo parte proximal dos dedos, joelhos, tornozelos, dedos pés e ombros. Geralmente simétrica e acumulando número de articulações acometidas, podendo gerar inchaço e calor nas articulações. Dor é de ritmo inflamatório (pior pela manhã e à noite) e, via de regra, o paciente se queixa de rigidez articular ao levantar-se pela manhã e após períodos de imobilização prolongada.
A artrite reumatoide é uma doença complexa, de causa multifatorial, com a participação de fatores desencadeante genéticos, hormonais e ambientais. Desde a fase inicial, há perda do equilíbrio da autoimunidade, ativando linfócitos (células de defesa) a produzir autoanticorpos que atacam as estruturas do próprio organismo, neste caso, a membrana sinovial das articulações. O tabagismo além de ser um fator de risco para o desenvolvimento, ainda pode diminuir a resposta ao tratamento.
Vírus, doença periodontal e bactérias presentes no intestino também têm sido ligadas ao desenvolvimento da AR, pois durante a infecção por esses agentes, pode surgir novos anticorpos. Dessa forma, cessar tabagismo é uma forma potencial de prevenir a doença. Outras medidas como hábitos saudáveis de dieta (evitando enlatados e embutidos), atividade física regular e cuidados dentários também são citados.
O diagnóstico é clínico, baseado no conjunto de sintomas e exames complementares sugestivos. Não existe um exame isolado capaz de realizar o diagnóstico ou prever doença 100%. Dosagem de provas inflamatórias no sangue como hemossedimentação e proteína C reativa, além de fator reumatoide e antiCCP pode ajudar no diagnóstico. Exames de imagem como radiografia, ressonância e ecografia podem auxiliar.
Sempre se deve investigar outras causas que podem simular artrite reumatoide, como infecções virais e outras doenças autoimunes, pois nem toda dor nas articulações significa artrite reumatoide (como exemplos recentes, temos infecção por dengue e zika vírus).
O tratamento não farmacológico como fisioterapia e terapia ocupacional contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades da vida diária. A proteção articular deve garantir o fortalecimento da musculatura e adequado programa de flexibilidade, evitando o excesso de movimento. O condicionamento físico, envolvendo atividade aeróbica, exercícios resistidos, alongamento e relaxamento, deve ser estimulado observando-se os critérios de tolerância de cada paciente.
O tratamento medicamentoso vai variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade. A base são medicamentos modificadores do curso da doença, na maior parte imunossupressores, e deve ser mantido indefinidamente. O tratamento medicamentoso é sempre individualizado e alterado conforme a resposta de cada doente. Felizmente, surgiram diversos medicamentos imunobiológicos que revolucionaram o tratamento para casos mais graves.